A sociabilização é um processo que envolve apresentar e acostumar o cão aos movimentos e barulhos a sua volta. É preciso que ele veja pessoas, outros animais, escute barulhos de ônibus, motos e etc, já que é nesse ambiente urbano que ele estará inserido. Muitos cães, quando sociabilizados, tardiamente, acabam ficando medrosos e inseguros, e por consequência desenvolvendo comportamentos como travar durante uma caminhada, reatividade e agressividade na guia, entre outras situações. Por isso, é importante que a exposição social seja feita da melhor maneira possível e de preferência na fase de filhote, para que ele cresça mais seguro e confiante e assim, consiga ser um companheiro tranquilo e participativo da vida social de seu dono .
Uma das fases mais importantes da vida canina, vai do período de 0 à 4 meses, no qual o cão está aberto ao aprendizado e às novas experiências. O contato com a mãe e os irmãos é essencial para que ele aprenda as primeiras regras de convívio em grupo.
Quando o filhote vem para nossa casa, temos que continuar trabalhando a sua exposição social. Por isso, enquanto ele não estiver liberado para caminhar na rua, pois precisa ter concluído o protocolo de vacinação, podemos levá-lo no carro ou colocá-lo dentro de uma caixa de transporte para dar uma volta, e assim ele já receber os primeiros estímulos externos, de maneira segura.
No processo de sociabilização, a interação com outros cães também é importante para que o relacionamento com outros da espécie seja saudável. Enquanto o protocolo vacinal não estiver completo, a melhor alternativa é levá-lo à casa de um amigo que possua cães já vacinados, de preferência não idosos, uma vez que, cães mais velhos tendem a ser mais intolerantes diante da agitação dos filhotes e que sejam sociáveis, pois não queremos que o filhote tenha uma primeira experiência negativa. Se ele já puder sair para passear, o ideal é que o contato seja feita num espaço cercado, no qual os cães possam ficar soltos e assim interagir.
Um erro bastante comum que os donos acabam cometendo na ânsia de promover a interação de seu mascote com outros, é permitir que o contato ocorra com os animais na guia. Primeiro, precisamos entender que quando dois cães se aproximam, principalmente, estando presos na guia, há uma tensão entre eles, pois além de não se conhecerem, acabam se encarando e é aí que muitas brigas acontecem. Por isso, não se deve permitir esse tipo de apresentação, pois há sempre um risco envolvido.
Em segundo, toda vez que incentivamos essa interação, fazemos com que o cão aprenda a desconsiderar totalmente a nossa presença e ao sair para passear, acabe sempre procurando outros cães e pessoas para receber atenção.
Conhecer pessoas, sejam adultos, crianças ou idosos, também é importante no processo de sociabilização, para que o cão não desenvolva medos diante dessa aproximação. Por isso, deve ser feita de maneira calma e tranquila, sem alimentar a agitação e ansiedade do cão que podem acabar levando a comportamentos indesejados, como os pulos, por exemplo. Além disso, dependendo da maneira que a pessoa se aproxima, o cão pode acabar reagindo com latidos, rosnados ou até mordidas, na tentativa de se defender do que ele considera uma ameaça. Uma boa dica é ter algum brinquedo ou petisco na hora da interação. Lembrando que é importante que o processo seja feito também em um ambiente onde o cão esteja mais à vontade, pois na guia, ele está sob o controle de seu dono e espera ser protegido por ele.
Em suma, um cão privado de sociabilização pode desenvolver diversos problemas, como medos de ruídos,outros animais, pessoas, se tornando mais retraído e por vezes reagindo agressivamente a esses estímulos. Por isso, é importante trabalhar a exposição social da maneira mais correta possível, para que ele não desenvolva traumas, ficando o mais ambientado e acostumado ao mundo a sua volta.